segunda-feira, 14 de junho de 2010

Escola do Riso

Filme longo, no qual praticamente tudo se passa numa sala com apenas uma mesa, duas cadeiras, dois personagens – um escritor de peças de teatro e um sensor- e diálogos em japonês...

Tratava-se, ao vivo e em cores de uma experiência de Escola!

Escola pode se referir a uma instituição de ensino, mas também e anteriormente, a uma corrente de pensamento com características padronizadas que formam certas áreas do conhecimento e da produção humana. A palavra vem do grego scholé, que significa lugar do ócio. Na Grécia Antiga, as pessoas que dispunham de condições sócio-econômicas e tempo livre, nela se reuniam para pensar e refletir.

Aqui temos que decidir o que seria “ter condições”... Talvez, nós tenhamos condições...rsrsrs...embora não tenhamos nem tanto dinheiro, nem tanto tempo livre...

Bem, de qualquer forma, este primor de filme, nos brinda com a efetiva questão sobre o que pode ser “ter condições”...

Se assistiram ou caso ainda venham a assistir este filme, notem que nosso personagem principal, escritor da Escola do Riso, contava com pouco. Para dizer pouco, poucas chances frente a um sensor tão severo quanto pouco cultivado.

Sem subestimar a importância do contexto político, isto é, ao plano do estado- histórico, me parece justo em relação a esta obra, considerar que a pauta é mais menos. E, em sendo menos, mais; isto é, se considerarmos a idéia de que seja abordar o campo sócio-histórico-cutural como fruto da ordinária participação de cada um que lá se encontra como válida.

Pois bem, nosso personagem se encontra lá. É disso que se trata e faz-se diferença frente ao macro... Paulatinamente, somos levados como espectadores a perceber a dimensão e a potência da miudeza dos gestos que habitualmente não são considerados como de exercício de subversão, ao contrário, são antes tomados como sendo de submissão. Para o bem e para o mal, na verdade o que sub-verte, para quem puder reconhecer e pagar o preço, que é algumas vezes caro, lhe será exigido a sustentação de algo e isto se faz na miudeza.

Caro é justo quando é querido. Caro é uma exorbitância, quando sem sentido e lastro. Caro é nada quando o zero é o vazio. O fato é que sempre há preços a pagar. Não há como escapar.

Pouco a pouco, vemos um sensor subvertido, seduzido, desviado em sua surdez, cegueira e palavras carimbadas. Não pode haver nada mais revolucionário...

Um de nossos personagens, o protagonista, é discretamente vigoroso; o outro, sedento como Bacco. Uma chance? Uma aposta? Um risco? Sim, sim e sim.

Cá estamos, neste contexto enxuto, justo, pois apertado e, subtamente, rico.

E vemos o rio correr, a pedra furar, as imagens não poderem se sustentar paradas.

Potência humana, não por se tratar do humanismo ou das idealizações, mas da condição falha, manca, limitada e tão suficientemente potente.

Para mim, este filme é sobre esta potência. Na verdade, a potência da potência... Nem onipotência, nem impotência, mas potência suficiente, o que seria a parte que cabe a cada um.

De qualquer forma, não pretende ser uma resposta, mas uma questão...

Diretor: Warai No Daigaku  (2004)

Karin de Paula

Maio/2010

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