terça-feira, 21 de julho de 2009

Palavra - Maria Ludmila A. de Oliveira

Maria Ludmila A. de Oliveira
junho de 2009


Palavra. umLugar
Algo que liga, vincula, faz laço. Implica em se fazer reconhecer pelo outro. Representa, não é a coisa, logo, abre, amplia sua significação, metaforiza, subjetiva, subverte. Veículo, porta uma mensagem. Transmite.
Entretanto, há algo que não se pode revelar, transmitir, mas que, ao mesmo tempo, se mostra, aparece. Há uma intencionalidade psíquica presente na palavra, no discurso, um apelo, uma mostração. Ao esconder, mostra. O mesmo movimento que encobre, também revela. Equívocos, descontinuidade do discurso, rupturas, enganos. Sentido não mais velado, mas em sua própria enunciação.
Afinal, o que se transmite na Psicanálise? O que insiste no discurso, que quer se fazer ouvir. Aquilo que desconhecemos de nós mesmos, que está “ocultado” em nosso discurso, o inconsciente. Cabe então a esta fazer emergir e precipitar o que se tenta esconder?
Transmitir: “Levar a peste?”
Infectar? Algo que se transmite, que se espalha um a um e toma proporções, partindo do individual e atingindo o coletivo. Algo que não se fixa, que tem movimento.
Algo ruim? Que se infecta como uma doença, uma vez em contato, comprometido, é difícil reverter, descomprometer, voltar ao estado anterior.
A Peste. Algo que atinge o cerne do ser, o que ele tem de mais valioso, que desequilibra, desintegra, separa, desnarcisisa. Implica, necessariamente, em perder aquilo que não se quer: certezas, saber, segurança, garantias, gozo!
Perder para ganhar. Perder para poder desejar.

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